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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

O morcego e a gripe das galinhas

Os media alvoroçavam o país. Era a pandemia de gripe. O governo decretou registo obrigatório nas juntas de freguesia das aves de capoeira, potenciais transmissores do vírus. Cidadãos apavorados chamavam as televisões, exigiam que toda a ave encontrada morta fosse analisada. Com o aparato protocolar. Na minha escola colocaram frascos de desinfectante, resmas de folhetos a alertar para a doença, a indicar procedimentos preventivos, arranjou-se uma sala para isolamento de aluno que fizesse atchim! até que chegassem técnicos do centro de saúde. Um colega abria as portas com toalhas de papel, recusando-se a tocar nos puxadores...
Pois com o país paranóico, um cidadão telefona em pânico para a protecção civil: tinha encontrado um morcego morto, exigia que fosse analisado. O responsável, não sabendo o que fazer, telefonou ao delegado de saúde.
-- Não posso fazer nada, vou a caminho do Algarve para umas férias...
-- Ó doutor, o homem não se cala...
-- Diga-lhe qualquer coisa...
-- Mas ele não sossega! Exige, por força, a presença do doutor!
-- Já lhe disse que não posso...
De repente, o responsável da protecção civil teve uma ideia, daquelas que nos fazem gritar como o sábio da antiguidade: Eureka!
-- Ó doutor, os morcegos não são aves!
-- É isso! Diga ao homenzinho que morcego não é ave, não apanha gripe das galinhas!
(História ouvida ao Nuno, em plena pandemia. Que me ocorreu agora ao ler um comentário  sobre morcegos.)

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