O S. era um velho implicativo, quezilento, amigo de armar zaragata por ofensas reais ou imaginárias. E passava o tempo a sacanear os outros, em parte por maldade, em parte para se vangloriar das partidas pregadas.
Por isso, num dia em que pediu ao dono do café e padaria que lhe guardasse meio cabrito amanhado na arca congeladora, este regozijou e prontamente convidou os amigos: -- Logo à noite apareçam e tragam o vinho, que vou assar meio cabrito no forno!
A patuscada prolongou-se noite alta, bem regada a tinto, acompanhada com pão quente acabado de sair do forno. Para sobremesa, o dono do café quis contar a patifaria que tinha pregado ao S.: -- Sabem como é que arranjei este cabrito?
Pois não sabiam. E aguardavam curiosos a explicação, a pressentir patifaria: E o dono da padaria, ufano: -- Vejam lá que hoje me apareceu aqui o S. a pedir para lho guardar na arca!
-- Mas ele não tem cabritos!
E outro a adivinhar o sucedido: -- Só se foi o cão que lhe morreu ontem! Vais ver, o sacana esfolou-o, amanhou-o, cortou-o a meio para não desconfiares e pediu-te para o guardares na arca!
Sem comentários:
Enviar um comentário