Antigamente, se alguém se queixava de ter perdido o comboio, logo ouvia réplica trocista: como é que se perde coisa tão grande?
Hoje é a CP que perde passageiros. Seis milhões só este ano, mais de metade da população de Portugal. Por muito mais pequenos que os passageiros sejam do que os comboios que os deviam transportar, a CP devia, tendo em conta a dimensão da perda, fazer um esforço para os encontrar. E porque o comboio é o meu meio de transporte favorito, sugiro a contratação do "cliente-mistério" para:
- Comprar bilhete em qualquer uma das bilheteiras deste país para se aperceber da sobranceria com que somos tratados e pôr-lhe cobro;
- Comprar bilhete na gare do Oriente cinco ou dez minutos antes da chegada do comboio, que é como quem diz consumir-se na bicha, que as máquinas estão avariadas e o funcionário "como tem tempo não tem pressa" (frase roubada a Fernando Pessoa);
- Pagar o bilhete para ver o que custa a vida: Entroncamento - Oriente e volta, 25 euros em intercidades. Mais caro que de carro, portagens incluídas, parece-me; Faro - Porto, muito mais caro que de avião...
- Tentar viajar naqueles dez meses do ano em que há greves...
FOTO: No TGV, rumo a Paris, em 2000.
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