Posts em vários blogs, como este e este, recordam-me da efeméride. Eu estive lá. Tinha 21 anos e vivi-o por dentro, com muito medo, completo desnorte -- afinal, de que lado estava eu? Como se furriel miliciano tivesse direito a tomar partido! Um dia, escreverei sobre a forma como vivi esse dia e, pior, os seguintes, a comandar soldados em barricadas, os oficiais, como sempre, resguardados no quartel, as carreiras protegidas qualquer que fosse o lado vencedor.
Por hoje, fico-me por este fragmento inédito de uma das minhas narrativas:
"combate-se nas ruas, nas ruas onde todos nos manifestamos, pela libertação do camarada Saldanha Sanches, pelas 40 horas, pela unicidade sindical, contra os fascistas que o Otelo tarda em toirear no Campo Pequeno, em apoio do companheiro Vasco… E morre-se no 25 de Novembro no cerco à Polícia Militar, em que umas dezenas de comandos cercam 2500 PMs bem armados e entrincheirados no interior do quartel, bravos que, ainda na véspera, desfilavam briosos, camuflado, lenço vermelho ao pescoço, punho erguido, soldados, sempre, sempre ao lado do povo, rijo tiroteio e rendem-se ao inimigo figadal, sempre pronto a acertar velhas contas retornadas das colónias --- era a Polícia Militar, resguardada da guerra nas cidades, que prendia por bebedeiras e desacatos os comandos de licença, uns dias longe do mato e das matanças."FOTO: sou o primeiro, à direita, ajoelhado.
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