Uma senadora belga propõe abstinência sexual para obrigar os políticos a entenderem-se. Talvez resulte, se a greve for por tempo indeterminado e levada às últimas consequências. Mas há que atribuir os créditos da ideia a Aristófanes, que nas sua Lisístrata propôs o mesmo há 2400 anos:
LISÍSTRATA: Não pomos a vista em cima dum homem desde que os Milésios nos traíram. Nunca mais vi a ponta duma gaita, nem verdadeira nem falsa, nada que me possa consolar. Estareis todas dispostas a ajudar-me, se eu descobrir maneira de pôr fim a esta guerra?
MÍRRINA: Se queremos! Eu até punha este vestido no prego e gastava o dinheiro todo em vinho.
(...)
LISÍSTRATA: Sereis capaz de renunciar?
CLEONICE: Daremos as nossas próprias vidas!
LISÍSTRATA: A coisa a que vamos renunciar é à piça. Virais-mas costas? Para onde quereis ir? Que caretas são essas? Abanais a cabeça? Não vos agrada a minha proposta? Apresentai outra.
MÍRRINA: Nem por sombras. Deixa que a guerra continue.
LISÍSTRATA: Mudaste assim de parecer? Ainda há pouco estavas disposta a cortar-te em duas postas como um peixe.
CLEONICE: Farei qualquer outra coisa que proponhas, menos isso. Se quiseres, caminharei sobre brasas; é preferível isso a fazer o que exiges de nós. Renunciar à piça é que nunca, Lisístrata!
NOTA: em Portugal, não vale a pena as mulheres pensarem em renunciar à dita cuja para forçar mudanças políticas: é que os nossos políticos não parecem interessar-se pela coisa, pública ou privada. Não nos governa nenhum Mitterrand, nenhum Clinton, nem sequer um Berlusconi...
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