No meio de tanta má notícia, já insensibilizado para tanta desgraça quotidiana, cansado do Egipto, do presidente da república e do governo, eis uma que me dá ânimo e reforça a minha pouca fé na espécie humana, a qual, cada vez mais acobardada, vive com medo de tudo e, sobretudo, por medo de morrer: uma septuagenária inglesa atacou e pôs em fuga seis ladrões que assaltavam à marretada uma ourivesaria, enquanto os funcionários e os transeuntes assistiam aterrados ao golpe.
Não há muito tempo, também no Algarve um casal de idosos resistiu e afugentou ladrões que lhes tinham entrado na residência. Também neste caso, a receita foi simples: a senhora carregou à cabeçada sobre um dos gatunos, o marido atirou-se ao outro -- e os assaltantes fugiram.
Dois grandes males afectam a nossa sociedade: encolher-se e recear as consequências posteriores, sabido que as leis são feitas por deputados, os quais são maioritariamente advogados --- já viram onde quero chegar, não? E há também os jornalistas, que deveriam aprender de que lado estão: se do lado da sociedade que lhes compra os jornais, lhes educa os filhos, lhes dá a segurança social e a saúde, ou dos marginais. Mas como o não sabem, talvez por ingenuamente acreditarem que a informação é neutra, apesar de a distorcerem em busca do sensacionalismo, não me surpreenderia que se ouvissem já protestos televisivos contra a acção selvática da velhota, a agredir uns rapazinhos que, imitando Robin dos Bosques ou o nosso Zé do Telhado, faziam pela vida, roubando aos ricos para dar a uns pobres --- eles próprios, ou os seus fornecedores de droga.
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