Se desgostar de uma jarra e a lançar ao chão, escaqueirando-a, não a melhoro – quando muito, alivio a raiva. Se, por dela necessitar, a tentar reconstituir, espera-me um longo e minucioso trabalho, o de reunir cuidadosamente cada um dos pedacinhos e tentar colá-lo na posição correcta. Uma coisa é certa: dificilmente a jarra ficará melhor, mais funcional, mais bela depois de quebrada. E, se avaliar custos, esforço, tempo despendido, depressa concluirei que o alívio da raiva nem sequer compensou o trabalho de varrer e recolher os cacos. Por isso, o ser humano aprende, logo em criança, que a raiva se alivia de forma não destrutiva, compreendendo as suas causas, ponderando os efeitos, canalizando-a para fins positivos. O controle da raiva é, assim, a principal fronteira entre civilização e barbárie.
Ora nos tempos difíceis em que vivemos não faltam apelos à exteriorização da raiva, à preservação pela força dos “direitos adquiridos”. Preocupante, a carecer de atenção especial, parece-me a crescente insubordinação de alguns sectores das forças armadas: ócio e armas, receio de perda de privilégios quase feudais, são combinação deveras perigosa em época de crise. E não falta por aí quem deite gasolina na fogueira, esquecendo que eles se defendem a eles mesmos -- e quem brinca com o fogo acaba por se queimar.
Lembremo-nos do Chile. Da Argentina.
Ora nos tempos difíceis em que vivemos não faltam apelos à exteriorização da raiva, à preservação pela força dos “direitos adquiridos”. Preocupante, a carecer de atenção especial, parece-me a crescente insubordinação de alguns sectores das forças armadas: ócio e armas, receio de perda de privilégios quase feudais, são combinação deveras perigosa em época de crise. E não falta por aí quem deite gasolina na fogueira, esquecendo que eles se defendem a eles mesmos -- e quem brinca com o fogo acaba por se queimar.
Lembremo-nos do Chile. Da Argentina.
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