Construímos o barquito numa garagem, com a ajuda de um amigo carpinteiro. Uma chata, para pescarmos em Castelo do Bode. Forte e feia. E no baptismo, no Bonito (Entroncamento), demos-lhe por nome as iniciais dos nossos, e o número 2 porque éramos dois Josés. Logo um deles, o carpinteiro, recusou acompanhar-nos: tivera todo o gosto em ajudar, mas água, mesmo mansinha como aquela da barragenzita, não era com ele. Foi sobre o tejadilho do meu carro, um Datsun 100 A, que transportámos o barco para Castelo do Bode. E aprendemos a remar, desenvolvemos a força necessária, e era muita, para mover a chata. Nela pescámos bons achigãs. Mas depressa o J que restava, o autor destas linhas, quis horizontes mais largos, desconhecidos -- uma subida do Zêzere a remos, acampando nas margens, pescando para comer. Conseguimos copiar um mapa militar em papel vegetal (o tempo das fotocópias ainda não tinha chegado até nós), convencemos as nossas mulheres, fizemos os preparativos, e numa manhã de Setembro descarregámos o barquito de cima do carro, arrastámo-lo até à água, colocámos a bordo tenda de campismo, fogão, cobertores, canas de pesca, algumas rações de combate para o caso da pesca falhar, um oleado para abrigo das chuvadas e embarcámos -- dois, J e V, que H, não me lembro com que pretexto, voltou para casa com a mulher depois de nos dizer adeus e de se comprometer a esperar-nos daí a quatro dias junto de uma ponte a montante que marcava o fim previsto para a nossa expedição.
(Continua: em breve, o filme da partida, em Super 8; depois, o relato das peripécias da viagem.)
FOTO: este J, 31 anos mais moço, algures numa das margens da barragem. Em primeiro plano, J2HV coberto com o oleado por causa da chuva.
3 comentários:
Dois Homens num Bote, Jerome K. Jerome.
Não conheço... O Googlle diz que são três homens.
No seu caso foram dois (e também os há em bicicleta e não me recordo se das duas vezes levaram o cão)
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