Não gastem conversa com Sócrates, Coelho, esquerda e direita. Tudo isso é passado. Aos políticos portugueses está doravante reservada unicamente a função de "actores". Isso mesmo: não "agentes", mas profissionais da representação. E a nós, portugueses, espera-nos a difícil labutação pela sobrevivência. Como os nossos antepassados. Como o nosso povo. Como as enguias. Embora pense que amolecemos demasiado nos últimos 35 anos e, desprovidos da fibra dos homens de antanho, já não sejamos capazes de preferir o lume vivo da independência e da dignidade ao azeite fervente da frigideira da subsidio-servo-dependência.
Enterradas no lodo, bem longe do claro céu, mourejam as enguias, sempre desconfiadas das luzes que fascinam as borboletas ingénuas. Repelentes, de hábitos repugnantes, sobrevivem onde o peixe graúdo, que delas se alimenta, desdenharia viver – mas não se pense que, modestas, discretas, ao menos vivem em paz; não: desde pequeninas que as perseguem impiedosamente. (...) As que logram sobreviver, adoptam rudes modos de vida, ou eu ou eles, e todos fechamos os olhos e só nos indignamos quando as suas histórias sobem fétidas do lodo e borbulham chocantes à superfície dos brandos costumes: “Que horror! Más como as cobras!”Ei-las, evisceradas, palpitantes, contorcendo-se na frigideira, em fuga do azeite fervente, ei-las que caem no lume vivo, nos seus cérebros atrofiados por trevas milenares uma única vontade, a de sobreviver, uma única ânsia, o Mar dos Sargaços da Redenção deste viver ignóbil...Como as compreendo, como lhes invejo essa força, essa vontade de lutar desesperadamente, inutilmente, indiferentes à crua realidade, perdida já a esperança do regresso à bonança de um qualquer mar… Ah, antes o inferno da escolha entre frigideira e lume. Antes escamados, esventrados, que resignados…
Há um país da Europa que declarou bancarrota; cujos contribuintes recusam pagar os prejuízos dos bancos e em referendo recusaram indemnizar os investidores (ou especuladores) ingleses e holandeses... Eles sobrevivem, escamados, esventrados, mas livres. VIVA A ISLÂNDIA!
3 comentários:
é porque o povo de Islândia acham que eles não preçisam de pagar a conta para os estrangeiros que por dinheiro num banco(commercial) instável para ganhar 2% mais juro. e eles têm razão!
Concordo. Uma coisa é pagar as dívidas, quando tal for possível (e o pagamento deveria ser exigido, antes de mais, a quem as contraiu em nosso nome), outra é pagar os juros exorbitantes que os especuladores internacionais exigem. Eu sei que a culpa foi nossa, que nos habituámos a viver de empréstimos e só agora, que ninguém nos quer emprestar dinheiro, nos queixamos. Mas continuo a pensar que precisamos de mudar de rumo, de políticos, de modo de vida. E que teremos de o fazer, por muito que a ideia nos desagrade, porque a tal seremos, muito em breve, obrigados. Acabarão por criar duas uniões europeias, uma para os nórdicos ricos (ainda bem que vives na Holanda), outra para os pelintras do Sul, os PIGS. Acabarão por criar uma outra moeda ou por nos escorraçar do euro; acabarão por nos abandonar à nossa má sorte: é que, como sabes, gostamos mais de comer, beber, dormir que de trabalhar... É isso, é o nosso clima, é o nosso Sol, que faz de Portugal um paraíso, mas não para alemães ou finlandeses. E nós não podemos viver como eles ou como tu. Mas podemos ser felizes à nossa maneira. Um abraço.
olá zé,
ca na holanda nos temos também muito problemas más são diferentes.não esqueces que o governo comprei 3 bancos nacionais é um banco foi bancarrota.
tem razão que nós vivemos para trabalhar. e é isso porque eu quero sair de Holanda! para mim é difícil de escrever em português deste assunto. porque o meu vocabulário esta muito pequeno, más vamos falar mais sobre deste assunto quando eu for a Portugal!
Um abraço e até breve!
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