Santarém, 1985. Chove. Não havia então rádio e o examinador dava as instruções com toques de buzina: uma buzinadela, virar à esquerda, duas, virar à direita. De início, tudo corre bem, apesar de o capacete me não deixar ouvir as instruções apitadas. Entro no centro da cidade em hora de ponta. O sinal passa a verde, ainda olho para trás, tentando avistar o carro do examinador. Irritados com a demora, buzinam-me condutores impacientes. Uma buzinadela? Viro à esquerda. Duas? Volto para a direita. Outra? Quantas? Uma? Duas? Esquerda ou direita? Se tento parar, mais buzinam. Voltas e mais voltas ao sabor das buzinas irritadas na confusão do trânsito. Onde estará o carro do examinador? Encontro-o estacionado, meia hora depois, quando regresso. Resultado do exame: aprovado, certamente por ter sobrevivido no caos da cidade em hora de ponta.
FOTO: 1972. Na Mondial do meu pai, conduz o meu primo Fernando.
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