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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

País doente

"A mãe chega tarde, como de costume. Tem de fechar o salão, é assim a vida, patroa não tem horário. Chega exasperada com o excesso de trabalho, todo o dia em pé, ainda arranja varizes, a lavar cabeças, a cortar cabelo, a pintar, a pentear... Pior é participar com entusiasmo nas conversas, ouvir os desabafos, consolar uma após outra... Bem podia cobrar como psiquiatra, mas não, apenas recebe como cabeleireira. Vem portanto arrasada e deprimida das depressões que todo o dia desfilaram pelo salão, uma que já se divorciou e porquê, outra que está prestes a separar-se e porquê, outra cujo filho detesta a escola e porquê, outra cujos filhos andam sempre doentes e os médicos não se preocupam, se se queixam alguma coisa hão-de ter, outra tem a mãe acamada... um verdadeiro rosário de dores todo o santo dia, haverá alguém feliz neste país ou só as mulheres com problemas é que tratam do cabelo?"
Do lacrau e da sua picada

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